A consciência é diretamente dependente da memória. As memórias nada mais são que presentes que passaram e nos deixaram marcas.
O que acontece no presente são as escolhas. Movimentos no xadrez da vida. Especialistas nesse jogo sabem que a disposição anterior das peças é tão importante quanto a atual e as possíveis disposições em jogadas futuras. A teimosia é uma falta ou uma desobediência da memória. É refazer as mesmas ações várias vezes e desejar que o produto resultante seja diferente. No xadrez podemos recomeçar o jogo sempre do mesmo ponto inicial. Na vida não. Cada momento é a continuação do que aconteceu, seja isso próximo ou distante. Sem a memória, nossas decisões não seriam escolhas conscientes, mas apostas, ações tomadas aleatoriamente. A memória é o passado que insiste em não ir embora. Ele não nos abandona. Isso, para o bem ou o para mal.
Por isso, hoje somos as vítimas do carrasco que fomos no passado.
Sair da caverna é descobrir que estamos em uma caverna maior. Por vezes quereremos voltar a caverna primordial onde a inocência parecia nos proteger. Muitas vezes é desejável não ser consciente do que nos acontece. O inocente parece ser mais feliz. Saber certas verdades poderá nos trazer desesperança, sentido de incapacidade para mudar o presente, impossibilidade de ter um futuro melhor. Visualizar um futuro desfavorável produz tristeza.
Muitos, melhor fazem, como os epicuristas que na sua filosofia dizem que a busca de prazeres moderados nos leva ao sossego necessário para uma vida feliz e aprazível. Liberdade, amigos e tempo para pensar: tudo que é necessário para ser feliz. Epícuro(Atenas, 4 séculos Antes de Cristo) dizia que não é comprando bens materiais que se alcança a felicidade, nem mudamos de caverna.