A cada momento na vida ganhamos e perdemos coisas, amigos, amores, etc.
A vida é uma troca; pedaços nossos vão ficando pelo caminho.
Vamos ganhando outros pedaços.
Nesse meio-tempo é bem comum, talvez normal, que na inevitabilidade da perda de algo que gostamos, apreciamos ou necessitamos, tenhamos que, inconscientemente, talvez, depreciar para diminuir o "sofrimento" a que tenhamos que passar.
Perder nunca é bom.
Entendamos que a perda nunca acontece por nossa vontade.
A ação contrária à perda é o descarte, o qual traz satisfação.
Quando somos privados de alguma coisa que possuímos, como que por defesa própria, exaltamos os defeitos daquilo ou daquele, em contraposicao de suas qualidades.
Assim, o que admirávamos, que olhávamos com carinho, agora já não nos agrada mais. Cometemos essa desfaçatez.
Fizemos assim com o amor que nos traiu, com o tv que quebrou, com o emprego que não temos mais, etc.
Desdenhar daquilo que era imprecindível que amávamos de coração, também é cuspir no prato que comeu. É justo jogar tudo pro ar? Apagar boa parte da história? Maldizer ao invés de lembrar com saudade, com bendizeres, do tempo bom que se foi?
Paris, uma noite de agosto de 1977, escreveu Maria Callas:
" Há perdas
que não nos deixam nunca, antes nos perseguem pela vida fora, acabando por atropelar-nos
em repetida cadência, deixando-nos estatelados no passeio público, ou adentro das
nossas portas. Há perdas, feridas, brechas, coisas que nos faltam e que não tivemos
nunca, coisas que deveríamos ter tido porque são essenciais, e a sua falta nos deixa
de cócoras, e lentamente mata. "
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