quinta-feira, dezembro 24, 2015

A verdade, a mentira e a ignorância

Quando nos olhamos no espelho nem sempre nos reconhecemos.
Assim como, quando ouvimos nossa voz gravada, ela nos soa estranha, como se não fosse a nossa própria voz. Já pensou se pudéssemos ver a nossa alma? Ver aquilo que somos de verdade?
Verificar, tal qual os que nos cercam veem e sentem tudo que sai de nós? Se há alguém que verdadeiramente conhece a si mesmo, deve ter ficado perplexo. Julgamos que nos conhecemos, mas sempre fazemos avaliações de tudo que vemos e vivemos. Avaliações são sempre incompletas. Dessa forma, é sempre inválido representar o que somos. Quando a vida nos dá um  tapa, nos confronta com realidade e nos diz um pouco mais daquilo que somos.

terça-feira, novembro 10, 2015

O Simples e o Complexo

O complexo é nada mais que a arrumação intrincada de muitas simplicidades.
Cita-se que Aristóteles tenha dito: "O bom é simples; o mau é complexo".

Ser feliz é simples, Estar triste é complexo.
Em verdade, o simples é o que entende-se, compreende-se.
O complexo está para coisas mais distantes do nosso entendimento, parecendo incompreensíveis.
Compreender o complexo é estudar a infinidade de simplicidades presentes naquele todo.
Focar em apenas um área do conhecimento a nós isola o pensamento.
E todo o resto parece-nos complexo. É como olhar a ponta do nariz e desejar enxergar todo o horizonte.
Nada acontece isoladamente do resto do mundo. Contextualizar o simples, as coisas do cotidiano, é enxergar a nós mesmos imersos na complexidade da vida. Nascer é simples. Morrer é simples.
O que gostamos de complicar mesmo é a vida.


domingo, setembro 13, 2015

A Caminho da Liberdade

Como água em uma cachoeira, torrentes de pensamentos das filosofias sempre caem sobre a liberdade.
  Pensar é exercer a liberdade.
 Ora taxa-se a liberdade positiva, ora negativamente.
  Famosos pensadores discorreram sobre a liberdade:

"O homem é nada antes de definir-se como algo, e é absolutamente livre para definir-se, engajar-se, encerrar-se, esgotar a si mesmo." J-P Sartre(século XX)
Para Sartre a liberdade era absoluta ou não existia.

Já para Schopenhauer(século XVIII), o  homem, objeto entre objetos, coisa entre coisas, não possui liberdade de ação porque não é livre para deliberar sobre sua vontade. Para ele o homem não escolhe o que deseja, o que quer. Logo, não é livre.

"Se as pessoas são privadas de suas próprias condições materiais de existência, ou seja, se suas condições práticas de existir são propriedade privada (de outra pessoa, portanto), não haverá verdadeira liberdade." Karl Marx(século XIX)

René Descartes (século XVI), achava que age com mais liberdade quem melhor compreende as alternativas que precedem a escolha. Então quem estava mais bem informado sobre o significado das alternativas tinha mais liberdade de escolha.

Antigamente (hoje em dia ainda?) ser livre era o resultado de batalhas e de imposição de vontades e justiças.


Immanuel Kant achava que é difícil sozinho o homem deixar a menoridade, pois ela é a sua segunda natureza, já que é enganado pelas crenças, tradições e opiniões alheias, deixando de seguir a sua própria razão. Assim, não podendo experimentar a liberdade. Sair da menoridade é tomar suas próprias decisões.  Deixar a menoridade é não permitir que reinem a preguiça, covardia e o comodismo.



terça-feira, agosto 25, 2015

Medíocre

 Os sábios buscam a verdade, os medíocres gostam de fatos, os cretinos falam de si”.(Aristóteles III a.C.)

domingo, agosto 23, 2015

O Bom Ladrão

Trecho do Sermão escrito em 1655, por Padre Antônio Vieira, proferido perante D. João XIV e sua corte, aleḿ de ministros, juízes e conselheiros(Lisboa):


"Levarem os reis consigo ao paraíso os ladrões, não só não é companhia indecente, mas ação tão gloriosa e verdadeiramente real, que com ela coroou e provou o mesmo Cristo a verdade do seu reinado, tanto que admitiu na cruz o título de rei.
Mas o que vemos praticar em todos os reinos do mundo é, em vez de os reis levaram consigo os ladrões ao paraíso, os ladrões são os que levam consigo os reis ao inferno."






Em outro trecho do mesmo sermão cita passagem histórica ocorrida com Alexandre Magno, O Grande(356 a.C.) :


"Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício: porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres."




Para pensar.






terça-feira, agosto 11, 2015

Cuspir no prato que comeu - ingratidão

A cada momento na vida ganhamos e perdemos coisas, amigos, amores, etc.
A vida é uma troca; pedaços nossos vão ficando pelo caminho.
Vamos ganhando outros pedaços.
Nesse meio-tempo é bem comum, talvez normal, que na inevitabilidade da perda de algo que gostamos, apreciamos ou necessitamos, tenhamos que, inconscientemente, talvez, depreciar para diminuir o "sofrimento" a que tenhamos que passar.
Perder nunca é bom.
Entendamos que a perda nunca acontece por nossa vontade.
A ação contrária à perda é o descarte, o qual traz satisfação.
Quando somos privados de alguma coisa que possuímos, como que por defesa própria, exaltamos os defeitos daquilo ou daquele, em contraposicao de suas qualidades.
Assim, o que admirávamos, que olhávamos com carinho, agora já não nos agrada mais. Cometemos essa desfaçatez.
Fizemos assim com o amor que nos traiu, com o tv que quebrou, com o emprego que não temos mais, etc.
Desdenhar daquilo que era imprecindível que amávamos de coração, também é cuspir no prato que comeu. É justo jogar tudo pro ar? Apagar boa parte da história? Maldizer ao invés de lembrar com saudade, com bendizeres, do tempo bom que se foi?
Paris, uma noite de agosto de 1977, escreveu Maria Callas:
" Há perdas que não nos deixam nunca, antes nos perseguem pela vida fora, acabando por atropelar-nos em repetida cadência, deixando-nos estatelados no passeio público, ou adentro das nossas portas. Há perdas, feridas, brechas, coisas que nos faltam e que não tivemos nunca, coisas que deveríamos ter tido porque são essenciais, e a sua falta nos deixa de cócoras, e lentamente mata. "




quinta-feira, agosto 06, 2015

Amizade

"Amigos bons são como os sapatos velhos. Nos são bem confortáveis, mais que os novos"

Epicuro que foi considerado por alguns como o filósofo da amizade disse uma certa vez: "De todas as coisas que a sabedoria nos oferece para a felicidade da vida, a maior é a amizade".

De fato, a amizade não nos livra dos infortúnios, das dores e da atribulações da vida. Mas ajuda demais a sairmos inteiros dessas condições desagradáveis da vida. Mas não apenas isso, como quem mais podemos comemorar aquela vitória do time preferido ou de passar no vestibular ou outras tantas situações de alegria e conquistas.

A filosofia exige que pensemos por nós mesmos, mas sem o amigo com quem dialogar como testar nossas descobertas e nossos enganos?
O amigo é que acende a luz de alerta. Nos faz pensar e por vezes nos faz escapar de divagações vazias. Nos provoca. Cuidado com aquele que em tudo concorda com você; Esse pode não ser um bom amigo.

Frase de Confucio: "Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade."

sábado, julho 04, 2015

A palavra da moda: resiliência

 Como toda palavra, seu conceito pode variar de acordo com a área em que ela é utilizada.
Advinda do grego resiliens, é na psicologia que está em mais uso atualmente.
 A Resiliência é encarada por muitos como uma capacidade de enfrentar problemas os mais diversos e sair de mente ilesa, como uma panela de pressão prestes a explodir, sem que necessariamente isso aconteça.
 Em psicologia é uma teoria recente que demonstra um conjunto de fatores presentes nas pessoas e que tenta explicar como as pessoas tem diferentes limiares de resiliência.
 Administrar emoções, controlar impulsos, ser otimista, considerar o ambiente, sentir o que o outro sente, propor ações e executar com eficácia, sair do isolacionismo e em conjunto solucionar problemas da vida, sem medo de ser feliz, constituem, em outras palavras, os pilares da aplicação da resiliência(BARBOSA-PUC -SP).
 Talvez essa teoria consiga explicar por que parcelas da população estão mais sensíveis ao estresse, outras parcelas sucumbem aos menores obstáculos, e  outras mantem-se firmes nas maiores adversidades.
 De qualquer forma, ao meu ver,  todos possuem resiliência e essa varia em todas as fases da vida, devido a todo o contexto que nos cerca, sejam fatores emocionais, ambientais, educacionais, familiares, etc;
 Diferentemente da física que conceitualmente nos diz que a resiliência é a propriedade de um dado material voltar ou não ao estado normal depois de sofrer estresse por tensão, a resiliência não nos garante que seremos os mesmos após essas tensões. Certo é que a cada momento, se resistimos, somos mudados, adaptamo-nos melhor às situações semelhantes do futuro.

  




quarta-feira, abril 29, 2015

O buraco

Estranho falar sobre algo que na verdade aparenta ser a ausência de alguma  coisa que deveria preencher outra. Coisa séria na ciência. Estudada na física(mecânica quântica), quando do estudo de estruturas cristalinas para produção de semicondutores(veja: ligações e valência dos elétrons, junções NP, etc), componentes onipresentes em todos os circuitos eletrônicos e informáticos atuais(de celulares ao mais poderosos supercomputadores). 
Ainda: na mecânica clássica, Einstein também estudou e teorizou sobre os buracos. Só que estes bem maiores que os dos arranjos de partículas e cristais: Os buracos negros. Esses engolem tudo o que passa nas suas proximidades.
Que coisa interessante é o buraco!
A partir de agora não refiro-me mais ao buraco da ciência. Cito o buraco comum presente sempre em nossas vidas.
Então o buraco nada mais é aquilo que falta ser preenchido por alguma coisa, ou que outrora, se completo, dele retirou-se, vindo assim a  ser incompleto, ser buraco.
Então apenas pense:
Viemos de um buraco. Respiramos por buracos. Comemos por buracos. Ouvimos por buracos. Excretamos por buracos. Moramos em buracos. Poeticamente falando, tudo começa e termina em buracos.  Sempre caminhamos pra saciar esse buracos.
Eles nos atormentam a cada momento.
A fome é um buraco no estômago.
A sede de conhecimento é nada mais que um buraco na alma.
Procuramos preenchê-los, mas nunca conseguiremos.
Respondemos uma questão nos surge outra.
Tapamos um buraco, mas criamos um outro.
E, no fim, todos caminham para um buraco.
Em tempo:
A incompletude nada mais é que um outro nome para o buraco.


segunda-feira, abril 20, 2015

Honestidade

Honestidade vem de Honos(ou honor), palavra grega que está relacionada à dignidade e a honra.
Na mitologia romana era o deus da justiça, honra e cavalaria.
Honestidade é o bem mais precioso(qualidade?) que o ser humano pode possuir ou adquirir.
Honestidade é uma coisa interessante. Todos buscam por ela nos outros;
Seja em familiares, amigos, colegas, mestres, etc.  Esquecem de cultiva-la. Ou se a cultivam, a ignoram na primeira oportunidade de ganhar dividendos.  
Você perderia o tempo conversando com alguém que você saiba que é desonesto?
Normalmente dizemos nossas verdades e queremos escutar como resposta as outras verdades.
Pontos de vistas podem ser verdadeiros, sendo conflitantes, contraditórios.
Dizem que existe 3 verdades: a nossa, a do outro e a verdade.
Um honesto não usa de malandragem e dissimulações.
Posso dizer até que a honestidade é viver a verdade.
Viver a honestidade de maneira ampla é muito difícil.
O contrário da honestidade é a mentira.
Ninguém gosta de ser enganado. A mágica é a arte da enganação. Mas o mágico, no seu momento de ilusionista, é honesto, pois todos sabem que o que ele faz é ilusão. O aplaudimos. Ele é o mestre da desonestidade.  Piscamos os olhos e nos engamos.
Acho que posso, sem medo de errar, dizer que quase ninguém é honesto o tempo todo. Do que falamos, em muita coisa nós acreditamos ser verdade e não são. Outras, gostaríamos que fosse e as dizemos mesmo assim.
Mas, outras tantas sabemos não ser verdade e dizemos para maquiar,embelezar,  deixar mais agradável, o que falamos o tempo todo.
 Devemos confiar no desonesto, pois sabemos que ele é desonesto.
Mas os que pensamos ser honestos, esses sim nos devem meter medo.
Deles provem surpresas.
Podemos dizer que o humano é como a pedra bruta de onde se extrai a joia rara. Por ser bruta, precisa ser lapidada ou polida. Ou seja, ninguém nasce honesto ou desonesto. Todos são submetidos a processos no que resultarão nisso ou naquilo.
Aqui a frase do poeta romano Juvenal(sec I d.c.):"A honestidade é elogiada por todos, mas morre de frio."


domingo, fevereiro 08, 2015

O absurdo

A existência do absurdo torna possível a existência das artes.
Por que arte nos chama atenção?
Alberto Camus nos intriga sobre o sentido da vida moderna. Na repetição de tarefas,  que nos prende ao absurdo, como no "mito de Sísifo".
Esse mito conta que Sísifo foi alguém que vivia a vida ao máximo, odiava a morte, porém desafiou os deuses e por isso foi condenado a executar uma tarefa repetitiva sem fim. Seu trabalho: empurrar uma pedra enorme até o alto de uma montanha, porém antes de concluir a tarefa, a pedra rolava novamente para a base da montanha. Sísifo então deveria voltar a empurrar a pedra para o topo da montanha.
O destino de um homem preso à tarefa de Sísifo não é menos absurda que a de outro qualquer, porém revela-se trágica quando esse indivíduo ganha esporadicamente lampejos de consciência sobre sua realidade.
Cada um de nós constrói a vida baseada na esperança do amanhã. Mas o amanhã nos aproxima da morte.
Nos esquecemos de viver o agora, enquanto empurrando a pedra.
Sem as artes, o mundo fica órfão da humanidade e torna-se estranho.
A arte representa a paixão, produzida pela liberdade de constatar que a vida é absurda e sem sentido.
Não há outro modo de vida feliz se não o de viver pela paixão pelo agora.