quinta-feira, março 09, 2017

O último da fila

   Vivemos tempos de delação.
Ação não muito nobre, normalmente feita às escondidas e que revela algo que alguém não quereria que fosse tornado público, a delação premiada, em âmbito jurídico, notadamente, vem transformado-se em uma troca de favores entre o juiz e o réu.
   Já dizia um amigo meu: "sem ajuda da sociedade a maioria dos crimes não seriam solucionados, nem a maior parte dos criminosos levados a juízo".
   É com auxĩlio de pessoas comuns que reportam, muitas vezes de forma não oficial,  mesmo que anonimamente, a pressença de foragidos ou testemunham fatos ocorridos que levam a elucidação de crimes que de outro modo se tornariam verdadeiros mistérios.
   Mas voltando a delação premiada, quando um criminoso conta com maior detalhes fatos que ajudam na elucidação das rotinas de crimes perpetrados e que envolvem mais pessoas além do delator, cabe a esse um perdão proporcional à qualidade de suas revelações.
   A grosso modo, algo louvável para o poder juduciário a contribuição da delação pra desvendar os mistérios de crimes guardados a sete chaves.
Entretanto o que temos visto é uma sequência de delações que parece mais uma quadrilha junina: O sujeito A denunicia o sujeito B(A recebe um desconto na pena, quando condenado), B denuncia C(recebe alguma vantagem na pena, se condenado), C denuncia D(C recebe também vantagens), ..., e o último da fila é que poderá ter sua pena completamente aplicada conforme dita a lei.
   Desse modo, isso parece mais uma fila no ponto de ônibus, que quando lotado o coletivo, fecham-se as portas e os últimos da fila ficam para trás.


Nenhum comentário: