segunda-feira, novembro 28, 2005

O que quer realmente a mulher?

Reproduzo aqui um mito da idade média, que até hoje eu não conhecia, mas que a mim aparece como realidade que eu já havia percebido há algum tempo.
Recontada por Robert Johnson em seu livro Feminilidade, Perdida e Reconquistada. A questão central é a pergunta : o que realmente quer uma mulher?

" Arthur quando jovem foi apanhado caçando ilicitamente nas florestas do reino vizinho, sendo aprisionado pelo rei. Ele podia ter sido morto imediatamente, pois este era o castigo por transgredir as leis de propriedade e de posse. Mas o rei vizinho, comovido pela juventude e simpatia do rapaz, ofereceu-lhe a liberdade com a condição de que encontrasse a resposta para uma pergunta muito difícil no prazo de um ano. A pergunta: Que realmente quer a mulher? Isto atordoaria o mais sábio dos homens e parecia insuperável para o jovem. Era melhor, porém, ser enforcado, e assim Arthur voltou para casa e se pôs a perguntar a todos que encontrava no caminho. Prostituta e freira, princesa e rainha, sábio e bobo da corte, todos foram inquiridos, mas ninguém conseguiu dar uma resposta convincente. Cada um deles avisou, no entanto, que havia uma pessoa que saberia a resposta, a velha bruxa. O custo seria muito alto,pois era proverbial no reino que a velha bruxa cobrava preços exorbitantes por seus serviços.

Chegou o último dia do ano e Arthur finalmente viu-se obrigado a consultar a velha. Ela concordou em fornecer a resposta satisfatória, mas o preço deveria ser discutido primeiro. E o seu preço era casar-se com Gawain, o cavaleiro mais nobre da Távola Redonda e o amigo íntimo de Arthur. O jovem fitou a velha bruxa horrorizado : ela era horrorosa, tinha um dente só, cheirava tão mal que enojaria até um bode, emitia sons obscenos e era corcunda. Enfim, a criatura mais detestável que já vira. Arthur tremeu diante da perspectiva de pedir a seu grande amigo que assumisse este terrível fardo por ele. Mas Gawain, ao saber do trato, assegurou a Arthur que isto não era pedir demais para salvar a vida de seu companheiro e ainda preservar a Távola Redonda.

O casamento foi anunciado e a velha bruxa revelou sua sabedoria infernal : "Sabe o que realmente quer a mulher ? Ela quer ser senhora de sua própria vida! Todos reconheceram na hora a grande sabedoria feminina e o Rei Arthur estava salvo. Ao ouvir a resposta, o soberano vizinho sem hesitar concedeu-lhe a liberdade.

Mas e o casamento? ! A corte toda presente, e ninguém estava mais dividido entre o alívio e a tristeza que Arthur. Gawain portou-se com cortesia, delicadeza e respeito. A velha bruxa exibia o seu pior comportamento, devorava a comida do seu prato com as mãos, emitia horrendos grunhidos e cheiros pavorosos. Até então a corte de Arthur jamais se havia sujeitado a tamanha tensão. A cortesia prevaleceu e o casamento se realizou.

Puxaremos uma cortina de prudência sobre a noite de núpcias, com exceção de um momento espantoso. Quando Gawain, preparado para o leito nupcial, esperava sua noiva, ela apareceu na forma da moça mais linda que um homem pudesse desejar! Gawain estupefato perguntou o que tinha acontecido. A moça respondeu que como Gawain a tinha tratado com gentileza, ela lhe mostraria sua aparência horrenda durante a metade do tempo e sua aparência graciosa na outra metade : qual delas ele escolhia para o dia e qual para a noite? Que pergunta mais cruel a ser colocada para um homem! Gawain fez os cálculos rapidamente. Será que ele queria uma linda jovem para mostrar durante o dia , quase todos os seus amigos a veriam, e uma bruxa horrenda à noite na privacidade do seu quarto, ou queria uma bruxa durante o dia e linda nos momentos íntimos? O nobre Gawain respondeu que preferia que sua noiva escolhesse por si mesma. Com isto, ela anunciou que seria a bela donzela para ele tanto durante o dia como de noite, já que ele demonstrara respeito por ela e concedera-lhe soberania sobre sua própria vida."

quinta-feira, novembro 17, 2005

A morte

Certo dia, dialogando com uma amiga, chegamos a um ponto da conversa do qual gostei de captuurar o seguinte trecho do diálogo:

-Há uma crendice que diz...
Se vc escutar chamarem e não for ninguém, não responda.
É a Morte lhe chamando... se vc responder, já viu...

-que ela nao atrase nem um minuto
que venha na hora certa
por que o mundo sem a morte... está morto

-exato... a morte é quem dá sentido à vida...

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Não existem duas coisas que mais inquietem a humanindade:
A vida e a morte.
As filosofias oriental e ocidental, por todos os tempos, têm tentado capturar a essência dessa certeza.

Uma Visão Chinesa de Imortalidade:

"O conceito de vida eterna não tem nada a ver com ansiedade pela vida.
A verdade é que não há morte de fato.
Como é possível não haver morte ? Porque ,na verdade, existe não duas, mas uma única energia, uma força motriz que a tudo permeia, na raiz das atividades de nossas vidas. O Grande Vácuo, que é o ponto em comum de toda vida , já existe, e a vida nasce continuamente em seu interior. Então, qual a necessidade da vida ou da morte ?
É porque o nosso desejo pelas coisas toma proporções indevidas que nos desorientamos e começamos a separar vida e morte. Se observarmos deste espaço de quietude e tranquilidade, veremos que nunca houve vida ou morte alguma. Evidentemente há apenas uma única energia fluindo e circulando. "
Do prefácio do Can Tong Qi Shuliu , 1564 ( retirado do livro " O segredo da vida eterna ")

Segundo a pesquisadora e psicoterapeuta estado-unidense
SUKIE MILLER, Os estado-unidenses na sua maioria têm uma visão confortável da morte. Mas o pós - morte não existe ou eles não pensam nele. Estão mal preparados para enfrentar o pós - morte. Ao contrário do que acontece no Brasil que, no caso do pós - morte, todos crêem em algo, sabe que algo vai acontecer e a grande maioria não acredita que tudo se encerra com a morte. Osbrasileiros, em geral, acreditam no pós - morte.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Descobrindo o Brasil no século XXI

A retórica que os professores faziam, desde meus tempos de garoto no Diocesano, de que aqui em se plantando tudo dá(ipsis leteris:"...dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!), como escreveu Pero Vaz de Caminha em carta ao rei de Portugal, parece estar sendo percebida por além mares.
Se a partir de 1500 invadiram, violentando de diversas formas, voluntária ou involuntariamente, os que aqui viviam, hoje os alienígenas oriundos dos outros continentes estão vendo, finalmente, terra firme para aqui colocarem seus investimentos.
Reportagem da BBC Brasil diz que o Brasil, hoje, é o quinto melhor lugar do mundo para fazer investimentos. Isso tudo dito por um órgão da ONU(Unctad), depois de pesquisa feita exatamente com quem de interesse, que são as empresas transnacionais e especialistas no setor.
Não é difícil descobrir porque tanto interesse despertado agora. Depois de tissunamis, terremotos e furacões, parece ser mais seguro colocar dinheiro nas terras do pau-brasil. Melhor um pouco na cueca de alguém que tudo debaixo d´água.
Claro que não foi esse o principal motivador. A bem da verdade, devemos reconhecer que a economia vai bem, pois os frutos da austeridade fiscal e econômica levada a cabo pelo atual governo parece dar certo e a campanha de propaganda do país lá fora, com todas as viagens presidenciais pelos diversos continentes, despertaram algum interesse dos estrangeiros. Finalmente eles estão com olhos voltados pra cá, descobrindo que aqui tem algo mais que boas mulatas, carnaval e futebol. Com tempo, irão descobrir coisas ainda mais úteis. Quem sabe não entraremos num novo ciclo, como o da cana-de-açucar ou do café: o ciclo do bio-combustível(álcool, óleo de mamoma, etc), menos poluente e renovável. Mas há ainda muito mais coisas interessantes pra eles decobrirem. Estarão mais felizaes se descobrirem a fórmula de ser brasileiro, que a despeito de toda a violência urbana, é amistoso e sorri de jarra e panela vazias.
Quem tem olhos e quiser ver, veja.

domingo, novembro 06, 2005

A Torre Eifel pode ruir

Já somam-se dez os dias em que violentas manifestações ocorrem na França. Jovens em sua maioria originários de ex-colônias francesas, relegados a miséria e desemprego, num dos páises ditos ricos da Europa e onde a democracia parece não estender-lhes as mãos, queimam carros, incendeiam imóveis e entram em confronto direto com a polícia. Dois jovens morrem(acidentalmente?), arrancando de dentro do ser de muitos excluídos a fúria contida por apenas assistirem os milagres econômicos vividos pelas grandes potências e que nada as oferecia, a não ser a indiferença. Viajando ao passado, veremos a opressão das potências capitalistas sobres os países da África e Ásia. Somente pra lembrarmos, no início do século vinte pouco mais de 90% do território africano e cerca de 56% do asiático encontravam-se sob o domínio de nações estrangeiras.
Para entender o que acontece na França hoje, é preciso entender o que vem acontecendo com as pessoas desses países desde há muito tempo e o que as levaram a ir para a Europa.
Não dá pra simplificar em poucas palavras, mas querendo ver ou não, é fato que ainda existe uma espécie apartheid(nome do antigo regime de segregação africano) mascarado, uma separação, que sempre foi também de classes e não apenas de cor, onde os mais fortes impõem a sua democracia às pessoas menos afortunadas, independentemente de origem. A meu ver, esse problema transcende fronteiras e está presente em praticamente todas as nações. Os pobres são empurrados pra periferia, longe dos mais belos centros cosmopolitas e metropolitanos. Longe dos olhos, são esquecidos e parecem nem existir. Maldito idealismo! Novamente a realidade aparece na explosão da bomba social.
É preciso que os governos passem, sem demora, a avaliar se as suas políticas vão atendendo a todos ou somente aos números em pranchetas de burocratas.
Temo que estejamos todos caminhando a médio prazo para uma convulsão social globalizada. Fiquemos de olho na Europa.

terça-feira, novembro 01, 2005

Amo, logo existo!

Desde que o mundo é mundo, os mais fortes dominam os mais fracos.
Me pergunto o que faz uns serem mais fortes que outros?
Noutras palavras, o que faz uns dominarem os outros?

Por toda a história houveram seres humanos que pareciam estar à frente do seu tempo.
É fácil imaginar que pouco antes do princípio da civilização os homens viviam à mercê do caos, ou seja, onde habitassem poderia ou não haver alimentos facilmente coletáveis, condições metereológicas favoráveis, animais que não oferecessem perigo à sua sobrevivência e abrigos do relento, entre outras condições de sobrevida importantes.
Podemos dizer que eles estavam entregues à suas próprias sortes. Em algum momento eis que alguém tem uma idéia que muda a sorte a seu favor. Por exemplo, a criação de algum tipo de lança de madeira, ou outro material qualquer, para poder lutar com animais com o objetivo de proteger-se desses. O indivíduo ou grupo de indivíduos que aprendessem esse artifício logicamente que ganhariam destaque sobre os demais. Esses tornar-se-iam mais importantes, por consequência. Mas aí estou imaginando um ser humano que não seria violento e que apenas estaria mais preocupado com a sua sobrevivência e a de seus descendentes. O que parece não ser toda a verdade.
Num ambiente onde as fontes de alimento tornassem-se excassas, vejo esses seres disputando entre si o que resta de suprimento. Também, quando o macho buscava a fêmea para o sexo, deve ter enfrentado a concorrencia de outros e, para se dar bem, deve ter tido a ajuda da sorte. Ter um corpo mais bem dotado, musculoso, fisicamente mais forte, portanto, conferiria, a esse, vantagem sobre os demais. Com força, sobrepujava os concorrentes por aquela fêmea que era mais atraente e estava mais próxima desse.
Então, vejo aí, pelo menos, dois "ingredientes" importantes na aquisição do poder, do destaque, da importância: a força e criatividade. Fatores genéticos, de ambiente, modo diferenciado de vida, faixa etária, etc, podem ser considerados como principais para moldar essa sorte de ser forte e criativo. Nada é igual a nada . Portanto, esses seres diferenciavam-se entre si. Tinham vidas semelhantes, porém diferenciadas e cada qual passava por experiências distintas, confereindo-lhe graus diferentes de facilidade na execução de certas tarefas.
Começa aí a acumulação de conhecimento que, logicamente, deve ter passado para as próximas gerações pela observação, prática e aperfeiçoamento.
Tenho dificuldade de imaginar em que momento formou-se um laço de afetividade entre os entes de maior parentesco, como pai, mãe e filhos. Mas deve ter sido quando da percepção de que viverem próximos ou juntos os faziam mais fortes contra as adversidades, o que implica no início da aversão à solidão.
O primeiro querer bem provavelmente foi entre o homem e sua predileta.
Ele deve a ter escolido por algum motivo. Algo ou algumas características dela deve ter chamado a sua atenção. Mas, então tudo começou na escolha dela. Uma escolha!(razão?): livre-arbítrio.


Penso, logo existo ? ou Amo, logo existo?
Me pergunto se nesse ser já havia sentimento ou era apenas razão
-Nesse momento o tópico ficou longo e, por falta de tempo devo parar por aqui. Gostaria de voltar ao assunto em breve.