domingo, novembro 06, 2005

A Torre Eifel pode ruir

Já somam-se dez os dias em que violentas manifestações ocorrem na França. Jovens em sua maioria originários de ex-colônias francesas, relegados a miséria e desemprego, num dos páises ditos ricos da Europa e onde a democracia parece não estender-lhes as mãos, queimam carros, incendeiam imóveis e entram em confronto direto com a polícia. Dois jovens morrem(acidentalmente?), arrancando de dentro do ser de muitos excluídos a fúria contida por apenas assistirem os milagres econômicos vividos pelas grandes potências e que nada as oferecia, a não ser a indiferença. Viajando ao passado, veremos a opressão das potências capitalistas sobres os países da África e Ásia. Somente pra lembrarmos, no início do século vinte pouco mais de 90% do território africano e cerca de 56% do asiático encontravam-se sob o domínio de nações estrangeiras.
Para entender o que acontece na França hoje, é preciso entender o que vem acontecendo com as pessoas desses países desde há muito tempo e o que as levaram a ir para a Europa.
Não dá pra simplificar em poucas palavras, mas querendo ver ou não, é fato que ainda existe uma espécie apartheid(nome do antigo regime de segregação africano) mascarado, uma separação, que sempre foi também de classes e não apenas de cor, onde os mais fortes impõem a sua democracia às pessoas menos afortunadas, independentemente de origem. A meu ver, esse problema transcende fronteiras e está presente em praticamente todas as nações. Os pobres são empurrados pra periferia, longe dos mais belos centros cosmopolitas e metropolitanos. Longe dos olhos, são esquecidos e parecem nem existir. Maldito idealismo! Novamente a realidade aparece na explosão da bomba social.
É preciso que os governos passem, sem demora, a avaliar se as suas políticas vão atendendo a todos ou somente aos números em pranchetas de burocratas.
Temo que estejamos todos caminhando a médio prazo para uma convulsão social globalizada. Fiquemos de olho na Europa.

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