sexta-feira, julho 12, 2013

A caminhada dos mortos(The Walking Dead)

Foi impossível para mim não traçar semelhanças da série mundialmente famosa The Walking Dead  com as caminhadas em forma de manifestações de indignação da população de muitas cidades brasileiras.
Explico:
TWD é uma estória de um grupo de pessoas tentando sobreviver em mundo pós-apocalíptico cheio de outras pessoas que se tornaram zumbis ou "cabeças ocas" como as vezes também são chamados os "vivos" depois de mortos e ressuscitados. Esses caminham aparentemente sem motivo e destino determinado, sendo atraídos apenas pelo cheiro de algo vivo que possa ser digerido, como animais ou pessoas.

Ora, e qual a relação com os protestos que semanas atrás eclodiram em muitas cidades brasileiras?

O Brasil está numa condição atual bem melhor que muitos países ditos desenvolvidos que amargam níveis de desempregos nunca por esses experimentados. Como já disse o anterior presidente, o país nunca esteve numa situação tão boa. Claro que poderia estar bem melhor. Óbvio que a elevação de preços dos alimentos e outros produtos influenciam negativamente a percepção de que as coisas não estão tão boas como parecem. Some-se a isso os mandos e desmandos da classe política atual, desconectada dos anseios da população em geral por serviços públicos melhores e leis que não favoreçam aos que cometam crimes contra os cofres públicos e até outros crimes que cerceiam o direito de ir, vir e se divertir em espaços públicos ou privados. Mas acredite: já tivemos bem pior situação. E, mesmo naquelas situações só comparadas a momentos de países em guerra com inflação que chegou perto dos 100% a semana, a nação assistia a tudo sem manifestos. Ouviam apenas resmungos sussurrados de pessoas aos seus íntimos ao olharem as prateleiras dos supermercados com mercadorias diariamente remarcadas. Eu vi isso acontecer. A quantidade de tributos incorporados ao preço dos produtos e serviços era e é ainda muito grande. Porém, a inflação servia de tributo maior por causa da indexação formal e informal da economia. Não era somente por 20 centavos que protestaram os que caminharam nas ruas e avenindas das cidades brasileiras. Mas por quais motivos mais era? Contra: a corrupção, inflação em ascensão, excesso de impostos, imprensa parcial, descaso com o sistema público de saúde, etc. A favor: da qualidade nos serviços públicos, dos menores preços dos transportes ou até passe livre, menor carga tributária, etc. Essas somente para citar alguns dos anseios de cada cidadão brasileiro.
Mas "peraí". Onde está a novidade? Não é sempre isso mesmo que os políticos profissionais prometem todas as vezes ao povo com  o intuito de elegerem-se para os cargos que hoje ocupam?
Existe aí uma percepção de que esse políticos não representam essas massas que saíram às ruas.
Mas, se não esses,  quem os representará? As massas sem líderes são como os zumbis de The Walking Dead. Andam. Tem necessidades (no caso desses, comer gente viva). Entretanto, não sabem bem pra onde vão ou como exatamente obter isso. Cabeças ocas que não pensam bem ou não medem as consequências a médio e longo prazo dos seus desejos, que pensam que as coisas são mais simples que de fato o são, tornam-se alvos fáceis de quem quer exterminá-los ou conduzi-los pra onde o quiserem. Até mesmo para o abismo.

Como uma pessoa que quer adquirir um bem que não está bem ao alcance do seu poder de compra, mas que sem medir a consequência do que seja pagar  isso por um longo período e em quantidades de parcelas a perder de vista, colocando a economia pessoal em sérios apuros, todos podem estar pedindo coisas que a mãe pátria pode não estar pronta pra nos dar nesse imediatamente; Nada vem de graça. Isso é uma lei imutável. Em geral, se alguém nos dá gratuitamente algo, isso uma dia já teve ou o terá um preço mesmo que disfarçado.
Não vejo, a um médio e longo prazo, um país melhor se não for feito o investimento em educação necessário ao desenvolvimento sustentável e a aquisição de tecnologia e know-how(o saber fazer) próprios de brasileiros.
Contra ou a favor das caminhadas?
Nem isso, nem aquilo. Muito pelo contrário.
Sou a favor de sabermos pra onde estamos indo.




  


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