sexta-feira, outubro 14, 2005

O referendo das almas

Eu sou contra o referendo. Nem sim, nem não. Muito pelo contrário.
Não sei porque vieram me perguntar se quero ou não o comercio de armas.
Por que não resolveram lá por Brasília? Já não pagamos pra eles decidirem as coisas pela gente? Não fui eu que inventei a república e seus modos de representatividade.
Me perguntaram se eu referendava a venda da Celpe ou Telpe (Telemar)?
Ponho em dúvida a real utilidade de tal consulta popular. Gastar mais de 250 milhões pra fazer esse tipo de eleição. Desperdício. Por que não esperaram mais um ano pra fazer junto com a a outra eleição?
O certo é que tem gente certa torcendo contra e tem gente do contra torcendo a favor. É o samba do crioulo doido. Ninguém sabe ao certo o que quer. Na verdade, ninguém sabe, parece, o que é certo.
Ambos estão certos e errados ao mesmo tempo.
Os argumentos são bonitos dos dois lados. O marketing é maravilhoso!
Vejo mulheres que nunca sonharam em pegar em armas(e nunca nem vão fazê-lo) dizendo que votam não.
No exército aprendi a matar e também aprendi que não se deve apontar pra ninguém nem mesmo com um cano de uma bota. O diabo matou a mãe assim.
Atirei de pistola, fuzil e metralhadora. Confeso: nunca senti prazer nisso. "Máquina de fazer defunto", como diz um certo apresentador de tv, é isso que a arma é. Que coisa desconfortável saber que se aprende a matar com isso. Mas e a defesa? Temos o direito da defesa. É outro paradoxo da humanindade. A mão que afaga é a mesma que estrangula.
Portar uma arma é como ter uma espada mais mortal com lâmina invisível, pronta pra perfurar o corpo de algum indivíduo causando-lhe sofrimento, dor e muitas vezes morte, com um simples apertar de gatilho. Sangue nas mãos.
Bom seria que apenas as autoridades constituídas detivéssem o poder de fogo. Seria quase ideal. Mas os bandidos foras-da-lei é que são. Como impedí-los?

Imagine a resposta de Gandhi a esse referendo...
Melhor! e o que responderia Jesus se indagado diretamente?
Acho que a resposta tá escrita.
De fato, sou contra mesmo essa indagação.
Quantas escolas faríamos com esse milhões?!
A batata quente está em nossas mãos.
Sou contra o referendo!
Independente do que escolham, os mortos vão, mesmo assim, continuar matando os outros mortos. E os vivos? esses não morrem jamais, nem por balas!

* Perdi dois amigos na minha infãncia, mortos por armas compradas legalmente. Acidente.

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